sábado, 30 de julho de 2011

Seria falta de planejamento na Administração Pública?

Cada dia que passa impressiono-me mais com a falta de planejamento dos bairros. A Administração Pública parece estar de olhos vendados quando se trata de demandas importantes. Existem Políticas Públicas de verdade?

Tenho feito diversas reflexões. Isto tem levado a constatações que não seriam tão difíceis de serem analisadas por profissionais da Administração Pública.

Vamos a elas:
Imagine um bairro com  43.700 moradores, 13.000 domicílios,  3246 crianças em idade escolar para creche e constrói-se uma escola do 1º segmento do ensino fundamental. Até este momento nada de anormal, parece. Fonte do censo de 2000. Alguns dados ainda não foram analisados pelo censo de 2011.

Segundo o censo de 2011, este bairro tem 1 creche, 13 pré-escolas, 14 escolas de ensino fundamental, nenhuma escola técnica, 1 escola de ensino médio noturno. A creche fica em uma comunidade na periferia do bairro. Tão na periferia que dificilmente alguém conhece a creche na região.

Agora temos mais uma escola de nível fundamental que será inaugurada.

Para usarmos o serviço de creche, temos que pagar caro, ou amargar um tempo de espera enorme, até que a criança possa ter idade para entrar na pré-escola ou Educação Infantil.

Essa é a Escola que será inaugurada pela Prefeitura do Rio nos próximos dias:

As demandas são tão ignoradas, mas até a página do Wikipedia do local mostra como principais necessidades do bairro construção de escola técnica, escola de ensino médio, creches, dentre tantas outras.

O local em questão é o tão sofrido e esquecido bairro de Inhaúma no Rio de Janeiro.

Pasmem onde ficam as escolas da Faetec mais próximas: São Cristóvão, Maracanã, Quintino, Marechal Hermes e Jardim América.

Como é possível cobrar cultura, mudança de comportamento, crescimento social, participação na economia? Ao invés de darmos a vara e ensinarmos a pescar, damos o peixe. Deixamos  a população apenas alfabetizada, para quê? E com uma educação que conhecemos muito bem, com professores que estão insatisfeitos como uma série de condições de trabalho incluindo a salarial.

Muitos populares da região ainda são discriminados. Jovens se perderam nas drogas, famílias enlutadas pela violência e a ausência do Estado por mais de 30 anos em vários núcleos populacionais. E temos a coragem de colocar a culpa na pessoa já tão hostilizada pela situação em que vive.Os serviços que têm sido colocados a disposição são emergenciais, está na moda atender rápido e sem planejamento. Isso não supre uma carência enraizada, que mantem o povo escravo de migalhas.

A culpa é minha por ter me omitido por tanto tempo. A culpa é da Administração Pública e do Governo que não consegue enxergar as reais necessidades das suas próprias regiões. As obras que vem sendo realizadas são de cunho eleitoreiro. E que, como tantas outras, duvido que serão herdadas pelo próximo governo. E tanto durante as construções, quanto nas inaugurações, enfiam garganta abaixo as faixas de vários políticos fazendo propagandas antecipadas e ninguém quer enxergar isso. Ficam apenas felizes por que foram lembrados. Mas não percebem o que realmente necessitam.

Espero que esse desabafo alerte alguns, ou muitos, que como eu querem exercer uma democracia participativa. Querem participar das discussões e soluções dos problemas da sua região.

Não se omita, para não amargar depois o mal-uso do dinheiro público, as obras superfaturadas, os serviços que não conseguem nos atender como deveriam. Faça a sua parte.

Um abraço
Simone Goulart

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe sua mensagem. Ela é muito importante para mim.